quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Fim de Semana Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres



Dia 24 de Novembro

Jardim em frente à Maternidade Alfredo da Costa (MAC)


11h| Conferência de imprensa da UMAR
Apresentação dos números da violência contra as mulheres.
Colocação de uma placa no jardim com o nome de algumas das mulheres assassinadas no contexto de violência doméstica, na cidade de Lisboa.

No espaço associativo MOB - Travessa da Queimada, 33, Bairro Alto - Lisboa

18h| Workshop de Defesa pessoal para mulheres com Sakura Mónica

22.30h | RITA RED SHOES

| DJ Miss Sara


Dia 25 de Novembro

15h | Marcha pelo Fim da Violência Contra as Mulheres |
Largo Camões - Martim Moniz

| Mercado Fusão Martim Moniz

| Orchidaceae Urban Tribal

| Teatro O Bando

| Dj SoulFlow


Organização: Rede 8 de Março

A "Rede 8 de Março" é constituída pelas seguintes associações/colectivos:
UMAR
Associação de Combate à Precariedade - Precári@s Inflexíveis
Panteras Rosa
SOS Racismo
Comunidária
Clube Safo

rede8marco@gmail.com



Texto Manifesto

24 e 25 de Novembro 2012
Fim-de-semana de ação
Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres


Nós mulheres que andamos nas ruas, que estamos nos locais de trabalho, em reuniões, em casa, nos cinemas, nos cafés… dizemos não ao assédio sexual, aos piropos, às insinuações, aos apalpões, ao stalking (perseguição continuada e invasão do espaço de privacidade), à chantagem. A banalização destes comportamentos, tolerados acriticamente pela sociedade e assumidos como supostos atos de amor, sedução ou paródia, na leveza de uma comédia de costumes, reflete a normalização da ideia da mulher enquanto ser que está aí para cumprir o seu papel, ser vista e avaliada, tocada. Recusamos esta forma de censura social e de limitação de movimento e de expressão. Estamos fartas de viver em perigo. A violação é uma forma de violência extrema e por isso rejeitamos qualquer tipo de atenuante na consideração deste crime. Reclamamos liberdade e o direito ao usufruto do espaço público.

Nós mulheres rejeitamos a exploração do nosso corpo e da nossa identidade presente na publicidade, montra voraz do capitalismo e do machismo. Muitos anúncios publicitários representam uma forma explícita de violência simbólica sobre as mulheres. Recusamos o puritanismo, é certo, mas também recusamos os estereótipos, a exploração, as ideias feitas que ditam medidas, gostos, comportamentos e promovem estigmas e discriminações. As pessoas não são mercadoria.

Nós mulheres exigimos que a Justiça atue melhor, mais rapidamente, com transparência e protegendo efetivamente as cidadãs de situações de risco. Em 2012, já 33 mulheres foram mortas pelas mãos dos seus maridos, companheiros, namorados e ex. A casa não pode ser um espaço de medo e opressão, bem como as relações e os laços familiares. Sabe-se que, na Europa, uma mulher é vítima de violência doméstica a cada 48 horas. Queremos viver livres e amar sem submissões, controlo ou violência. Não somos de ninguém, somos donas da nossa própria vida.

Nós mulheres imigrantes vivemos numa condição de extrema austeridade, porque resistimos à injustiça de uma cidadania diminuída, à discriminação e à segregação. Dizemos basta à exploração e ao tráfico. Queremos ser cidadãs de pleno direito.

Nós mulheres lésbicas queremos viver a nossa sexualidade em liberdade e em todos os espaço da esfera social e politica. A sociedade moralista tem limitado a emancipação das mulheres também no que se refere à vivência da sua sexualidade, impedindo-as de manifestarem abertamente os seus desejos e experienciarem o prazer sem medos, culpas ou tabus. Rejeitamos os modelos e as normas sexistas e heterosexistas que apenas geram a violência do preconceito e da discriminação.

Nós mulheres transexuais queremos viver a nossa identidade livre de opressões. Não queremos depender de decisões de “autoridade médica” e demais mecanismos patriarcais de controlo e desumanização. Ser mulher é exigir o direito universal à autodeterminação, à autodefinição, à identidade, pela livre orientação sexual e pela livre expressão de todos os géneros.

Nós mulheres trabalhadoras do sexo queremos ver reconhecida a dignidade do nosso trabalho, com direito a ter direitos. Violência é considerar indignas as mulheres que prestam serviços sexuais, sejam elas bailarinas, atrizes, telefonistas ou prostitutas, perpetuando o estigma, empurrando-as hipocritamente para o isolamento, a desproteção social e a insegurança.

Nós mulheres, trabalhadoras domésticas em casa e fora dela, afirmamos que o nosso trabalho, apesar de não aparecer nas estatísticas nem nos media, gera riqueza e bem-estar, e que este sistema económico e social mantem-se à custa do trabalho invisibilizado que nós realizamos. Além disso, todas nós ainda acarretamos uma violenta dupla jornada de trabalho, despendendo, por dia, mais 4h de trabalho não pago do que os homens. O trabalho doméstico não tem género, tem de ser partilhado.

Nós mulheres, somos cerca de 600 mil desempregadas e milhares sem qualquer fonte de rendimento, milhares de trabalhadoras precárias. Sabemos que a austeridade nos quer mandar de volta para casa, aprisionando-nos a uma condição que tem os contornos da dos séculos passados. A mesma estrutura sexista subsiste e continua a organizar a nossa sociedade, estipulando os papéis sociais que cada pessoa deve ter. Nós não ficaremos reféns desta ideologia retrógrada.

Nós mulheres estamos empenhadas na construção de um outro mundo mais justo, onde a igualdade de género seja uma realidade e a emancipação das mulheres o seu caminho. Exigimos a mudança, os mesmos direitos e as mesmas oportunidades.

Nós mulheres, porque somos muitas e não estamos sós, porque é uma responsabilidade de todas e de todos, no fim-de-semana de 24 e 25 de Novembro exigiremos o fim da violência contra as mulheres.

No dia 24, teremos um concerto, um workshop de defesa pessoal e performances.
No dia 25, marcamos o ponto de encontro no Largo Camões em Lisboa, às 15h, para depois seguirmos manifestando-nos até ao Martim Moniz. 

Nós decidimos.
Nós podemos.
Exigimos o fim da violência contra as mulheres!