segunda-feira, 20 de junho de 2011

Manifesto SlutWalk Lisboa

A manifestação é já no próximo sábado, dia 25 de Junho.

A concentração é no Largo Camões, a partir das 17h30.

NÃO, É NÃO!


Podem ver aqui o
Manifesto SlutWalk Lisboa


* SLUT, desavergonhada, puta, descarada, vadia, badalhoca, fácil.

29 comentários:

Adília disse...

Eu percebo qual é a ideia; mas penso que está na hora de deixarmos de ser ingénuas e precisamos de não esquecer como o corpo das mulheres e o investimento das mulheres no corpo continua a ser uma bandeira para o sexismo continuar triunfante. Enquanto não percebermos este mecanismo vamos andar a dar tiros nos proprios pés.

Sara Feio disse...

Adília, se é certo que o investimento desproporcionado das mulheres na imagem e no corpo é uma Consequência (não uma 'bandeira') do mundo Sexista (especialmente Hetero-sexista) em que vivemos, é também importante relembrar essa mesma sociedade sexista que não queremos andar de Burka, nem de calças quando está calor, nem queremos ser violadas só porque estamos de mini-saia... Cada uma se veste como quer. Se uma mulher decidir andar na rua com roupa mais reveladora isso não dá o direito a ninguém de a julgar, de a assediar, ou mesmo de a apalpar (ou pior).
Ingenuidade é achar que este tipo de comportamento machista se evita havendo uma mudança no vestuário das mulheres ao invés de uma mudança nas cabeças das pessoas... xbjo

Adilia disse...

Claro que o modo como uma mulher se veste não dá direito a ninguém de exercer sobre ela qualquer tipo de violencia; mas você com certeza concorda que o modo como nos vestimos envia sempre uma mensagem para os outros e é disso que eu estou a falar; estou a falar de um contexto em que precisamente o modo como algumas mulheres se vestem e apresentam denuncia que se tratam a si mesmas como objetos o que obviamente permite compreender por que outros as vêem da mesma maneira; se elas não percebem isto está na altura de tentarmos ajudá-las a perceber, em vez de enviar mensagens do tipo: cada uma se veste como quer. Ora nós, você e eu, sabemos que o «querer» é uma realidade muito complexa e extremamente manipulável.
Além disso gostava de lhe lembrar que a mudança na cabeça das pessoas está ligada a mudanças nos comportamentos, e os comportamentos dizem respeito a todos, não apenas aos homens, mas também às mulheres.
Com isto não estou a dizer que o machismo é justificado mas que há circunstâncias em que as mulheres parecem querer dar-lhe munição.
Por tudo isto é que eu falo na necessidade de deixarmos de ser ingénuas e deixar de ser ingénua é não se deixar manipular e desvelar os mecanismos que permitem essa manipulação.
Abraço, Adília

Maria Helena Santos disse...

Sim, eu compreendo o seu ponto de vista Adília. Trata-se de um problema que é simbólico e que, portanto, influencia todas as pessoas. Por isso, frequentemente, as mulheres também se tratam como objectos. Como sabemos, é algo que está enraizado e que, infelizmente, levará muito tempo a mudar.
Mas, obviamente, a Sara também tem razão e esta manifestação centra-se nesse ponto. Umas das mensagens centrais é de a de que é preciso deixar de culpar a vítima mas sim o violador!

Sara Feio disse...

Pois Maria, na última frase disse tudo.

Adília, eu compreendo que pragmaticamente uma pessoa deva evitar andar de cuecas e soutien pelo cais do sodré às 3 da manhã (exemplo exagerado), mas o tipo de pensamento que está aqui a defender chega a ser um pouco ofensivo para as mulheres porque parte do prossuposto que somos nós mulheres que controlamos o tipo de atenção que recebemos dos homens, e isso sim é um comportamento de manipulação. Ou é pelo menos partir do princípio que as mulheres se vestem para os homens e não para elas próprias, ou para seguir tendências, ou mesmo para agradar só Àquela pessoa especial...

Se eu tiver um peito FF e for minimamente atraente, qual é o limite de roupa que posso vestir sem que seja "culpa minha" ter homens a babar e mandar piropos nojentos ou mesmo a tentar agarrar-me?

Não tenho também o direito de sair à noite sozinha para ir ter com amigos - ou de voltar para casa de forma independente - sem ter medo do que me possa acontecer por ser mulher?
De sair à rua durante o dia sem receber piropos nojentos ou olhares devoradores só porque está calor e vesti uma saia ou uma tshirt com um decote maior?

Parece-me a mim que, na sociedade em que vivemos, permitimos que os homens se safem com um comportamento de enorme desrespeito para com as mulheres e que mudá-lo é a prioridade, não é delinear limites de vestuário entre a senhora-séria e a gaja-promíscua ou alimentar o machismo atacando-nos umas às outras...

x beijinho

Maria Helena Santos disse...

Hoje estava um dia lindo e fui passear em Belém junto ao rio. Assim que lá cheguei sentei-me numa relva e logo pensei nesta nossa conversa.
Estava lá uma jovem a apanhar sol na relva, sozinha, em biquíni, como se estivesse na praia.
Em Paris já vi isto junto ao rio, mas nunca tinha visto por cá. Mesmo junto à estrada. Muita gente deve ter pensado que ela estava a pedi-las. Mas de certeza que não pensariam o mesmo se fosse um homem! Certo?

Lucas disse...

Sinceramente, não dá para entender esta lógica. Como forma de combater as mulheres que são (injustamente) abusadas, as feministas propõem uma marcha das vadias?

Isto é a mesma coisa que agitar a minha carteira (cheia de dinheiro) no Casal Ventoso e depois dizer que eu não tenho culpa nenhum de ser roubado.

Claro que ninguém no seu perfeito juízo culpa a mulher por ser violada. Mas qualquer pessoa adulta sabe que se uma pessoa adopta um certo tipo de comportamento, ela é mais susceptível de obter um certo tipo de resultados.

Como disse um amigo meu, ee eu frequentemente ando com a carteira no bolso de trás no autocarro, não me devo admirar se qualquer dia fôr assaltado.

A culpa do assalto é do ladrão? É sim senhor. Havia algo que eu poderia ter feito para reduzir as hipóteses de ser assaltado? Sim. Não facilitava o assalto colocando a carteira num lugar tão óbvio.

O problema com as "vadias" é que elas confundem o que deveria ser com o que realmente é.

Nenhuma mulher (ou homem) deveria ser vítima de abuso sexual. Mas isso acontece. As "vadias" não combatem esse triste fenómeno facilitando o mesmo (tentado "sacudir a água do capote").

Pior, as vadias usam roupas deste tipo e dirigem-se a todos os homens e dizem "Não me violes!". Quem são os únicos que vão respeitar o desejo das mulheres? Ora, todos menos os violadores.

Ou seja, este tipo de "marcha das vadias" é a coisa mais absurda que eu já vi (e eu já vi algumas dentro do feminismo radical).

divagações disse...

Matt, obrigado pelo teu comentário. É sempre bom podermos ver outros prismas.

Deixa-me partilhar a minha opinião, que se resume a isto: a roupa que se usa (ou falta dela em sítios considerados "menos adequados") não pode justificação para NADA. A roupa ou falta dela, não é a pessoa. E cada pessoa tem o direito a ser como é, sem moralismos impostos por terceiros.

Combater a ideia das violações recorrendo a este tipo de roupa, maquilhagem, etc. numa marcha parece-me fenomenal. Volto ao mesmo: o que é que interessa no fim de contas? É a pessoa ou como ela se apresenta? ;)

Amanhã estarei lá. E gostava que estivesses também. Se não estiveres, que pelo menos pudesses ler isto.

Miguel Oliveira
dezanove

Daniel Cardoso disse...

Mats,

Dizes que esta marcha é ridícula, mas continuas a andar com a carteira no bolso de trás...

Lucas disse...

Miguel Oliveira,

a roupa que se usa (ou falta dela em sítios considerados "menos adequados") não pode justificação para NADA. A roupa ou falta dela, não é a pessoa. E cada pessoa tem o direito a ser como é, sem moralismos impostos por terceiros.
Totalmente ao lado.

Ninguém disse que quem se veste de vadia pede para ser violada. O que eu digo é que fazer uma marcha para se defender o "direito" de se vestir como uma vadia é ridículo.

Tudo o que dizes em cima funciona nos homens que respeitam as mulheres. Mas repara que quem viola as mulheres, não as respeita, portanto, é escusado.

Tal como se lê aqui, uma coisa é o que DEVERIA SER e outra é O QUE ACONTECE. Nenhuma mulher que se veste de forma "slut" quer ser violada, mas isso acontece. Como é que se vai resolver a questão?

Pessoas que andam com a carteira no bolso de trás são roubadas. Fazer marchas a dizer "não me roubes" é uma perda de tempo porque os ladrões não respeitam a propriedade alheia.

Semelhantemente, os violadores não respeitam as mulheres, portanto, fazer marchas a pedir respeito +e uma perda de tempo.

Combater a ideia das violações recorrendo a este tipo de roupa, maquilhagem, etc. numa marcha parece-me fenomenal.

Quantas violações é que estas marchas vão impedir? Zero. Sabes porquê? Porque os violadores não se interessam com o que as mulheres querem. Eles so se interessam por aquilo que ELES pensam.

Estas marchas são uma perda de tempo, ou algo dirigido aos homens honrados que correctamente identificam as mulheres que se vestem assim de "vadias" - classificação que pelos vistos as vadias não se importam.

Lucas disse...

Daniel Cardoso,

Dizes que esta marcha é ridícula, mas continuas a andar com a carteira no bolso de trás..

Estás a falar a sério?

divagações disse...

Olá Matt,

Obrigado. Na minha óptica, se esta marcha servir para sensibilizar quem vir as notícias que:
- as violações são uma realidade no nosso país;
- as violações podem ser provocadas por pessoas que não respeitam outras interpretando a sua roupa/maquilhagem como sinais de "sim, avance";
- as pessoas têm o direito a vestirem-se como quiserem, que isso não é o que interessa,
- a sociedade em geral não deve apontar dedos a quem assim se veste mas tentar estar alerta para esta realidade (interprete-se: violações)

...acho que parte do objectivo está ganho.


Se os violadores não vão ser sensibilizados com esta acção? Pois, nem todos, infelizmente. Mas far-se-á ruído/buzz.

Realidades complexas combatem-se de várias formas, penso.

Como agora tenho de sair, continuarei a ler isto amanhã, ok?

E FYI vou de carteira no rabo para o Bairro Alto e camisa aberta. Se calhar porque sou homem e faço-o com mais segurança do que se fosse uma mulher (isto pensam algumas pessoas). Não achas isto já uma desigualdade que tem de ser combatida?

Miguel Oliveira

Lucas disse...

Miguel,
Obrigado. Na minha óptica, se esta marcha servir para sensibilizar quem vir as notícias que:
- as violações são uma realidade no nosso país;


Não era preciso mulheres semi-nuas na rua para se saber que violações são uma realidade em Portugal.

Ou achas que se deve fazer uma "child-walk" com crianças semi-nuas para se saber que há pedófilos por aí?

- as violações podem ser provocadas por pessoas que não respeitam outras interpretando a sua roupa/maquilhagem como sinais de "sim, avance";

Todas as violações são culpa do violador, tal como todos os furtos são culpa do ladrão. Mas se eu ando com a carteira no bolso de trás (chamando a atenção), ou uma criança tem o hábito de pedir boleia a estranhos, ou mulheres que se vestem de forma provocativa, incorremos em comportamentos que nos podem colocar em situações perigosas.

- a sociedade em geral não deve apontar dedos a quem assim se veste mas tentar estar alerta para esta realidade (interprete-se: violações)>br>
Eis aqui o verdadeiro propósito das marchas das vadias: impedir que alguém as qualifique de vadias.

Mas isso nunca vai acontecer. Todas as mulheres que se vestirem de vadias vão ser chamadas de vadias.

Se os violadores não vão ser sensibilizados com esta acção? Pois, nem todos, infelizmente. Mas far-se-á ruído/buzz.


Perda de tempo. Os violadores não estão nem aí para o que as mulheres pensam. Acho estranho que as vadias não aceitem isso.

salomé disse...

Gabo-vos a paciência em tentar dialogar com quem não vê uma coisa simples como: as mulheres são violadas, sofrerem horrores com isso e em vez de terem as pessoas do seu lado, combatendo esse crime e quem o comete, têm de levar com um "se não te vestisses assim, isso não teria acontecido". e já que falamos em crianças, é a mesma coisa que dizer a uma criança "os teus pais separaram-se e a culpa é tua". absurdo? pois. é isso que se está a tentar dizer: que é absurdo e injusto.
se é preciso estar semi despida para se falar disso, como estamos agora, então que seja.

Lucas disse...

Salomé,
Gabo-vos a paciência em tentar dialogar com quem não vê uma coisa simples como: as mulheres são violadas

As mulheres são, infelizmente, violadas há séculos, e nunca foram precisas "slut walks" para ficarmos a saber disso.

sofrerem horrores com isso e em vez de terem as pessoas do seu lado, combatendo esse crime e quem o comete, têm de levar com um "se não te vestisses assim, isso não teria acontecido".

Salomé, podes apontar algum lugar onde alguém tenha dito isso? Da mesma forma que a mulher que se veste como uma vadia não pede para ser violada, o homem que leva a carteira no bolso de trás não pede para ser roubado.

Mas que é imprudente vestir de forma a atrair a atenção sexual de desconhecidos, e é imprudente colocar a carteira no bolso de trás, isso é.

Repara que ninguém diz que as vadias não se podem vestir como aquilo que são: vadias. O que se diz é que se elas se vestem de forma a atrair a atenção sexual de homens que ela não conhece, ela está a expôr-se sem necessidade.

é a mesma coisa que dizer a uma criança "os teus pais separaram-se e a culpa é tua".>br>
Má analogia, porque a separação não é crime, mas a violação é.

se é preciso estar semi despida para se falar disso, como estamos agora, então que seja.

Boa sorte em reduzir o número de violações andando semi-despidas nas ruas de Lisboa.

rah pha disse...

Caro Mats, os motivos que sustentam esta marcha vão mais fundo do que o problema da violação. Foi ele que o despoletou, mas o interesse é a montante disso: trata-se de defender o respeito pela integridade da mulher em qualquer contexto e seja com que indumentária for.

Depois, escalpelizando o teu último comentário com bisturi de chamada de atenção:

1. Lançar comparativos com crianças vs pedófilos ou ladrões vs assaltados é deveras redutor. Comparações ficam-se apenas pela hipótese e não vencem, não colam. É interessante pensar como o desejo reprimido revela consumidores em massa de pornografia. O desejo tapa-se ou assume-se? E ao assumi-lo, terá que ser com toda a naturalidade e não o encarar com um convite.

2. As mulheres enfrentam muito mais do que apenas "a" violação. Acho preocupante o assédio constante baseado tão só em vestuário ou maquilhagem. O "avance"-convite diz-se e insinua-se, não se veste ou despe. Olho para uma mulher ou homem bonito, mais ainda se se revelarem um pouco mais, mas nada em mim induz a assediar.

3. O que é de facto uma vadia? O que é para ti uma vadia? O todas as mulheres se vestirem de vadias serem chamadas de vadias torna-se circular e eu digo: esta marcha é para contribuir em desfazer a ideia que está por detrás do “vadia”, do “puta”, do “galdéria.” Toda uma classe de nomes, todo um glossário dirigido às mulheres que escapam à norma e que com isso sofrem. A tua frase surge assim errada logo no arranque, pois o próprio significado da palavra e o peso que carrega é já de si ofensivo.

4. Reitero: o objectivo é muito mais abrangente do que apenas a pedagogia a potenciais violadores. É mudança de mentalidades, é respeito pela mulher, é educação e civismo, é compreender que para existir dois terão de facto que existir dois e deixar cair a ideia de que as mulheres enviam sinais consoante se vestem.

salomé disse...

Mats, mas faz ideia porque é que as slutwalks começaram? porque um polícia disse "se não querem ser violadas, não se vistam como sluts". Uma mulher de burqa também é violada. Como é que se explica isto? pela roupa não será. Esta marcha é pegar nessas palavras do polícia de toronto e dizer "estás a ver como estou vestida? qualquer que seja a forma, isso não te dá o direito de me violares".

As lésbicas e as bissexuais onde é que entram nesse seu raciocínio? Uma lésbica veste-se para atrair os homens? Está a ver como são frágeis os "argumentos"?

E um carro na rua é um convite ao assalto, não é? Mais uma vez, absurdo, como o é esta discussão.

Mas chega de comparar o corpo, a a vagina, uma pessoa a objectos. É isso que esta marcha quer dizer, não nos comparem; não somos objectos.

Atenção que pode discordar perfeitamente do formato da manifestação, mas paremos de falar de "aparências " (em todos os sentidos) quando o assunto é mais que sério.

e agora vou dormir, porque amanhã é dia de marchar.

Daniel Cardoso disse...

"Estás a falar a sério?"

A sério que estou a falar a sério. A comparação, de resto, é tua: usar a carteira no bolso - andar na rua de forma 'slutty'.

O que tu disseste foi que, apesar dos avisos do teu amigo, andas olimpicamente, ainda com a carteira no bolso, e não mudas esse comportamento; mas que quando um grupo de activistas resolve andar de forma 'slutty' para criar consciencialização para um problema (ou seja, quando exerce o seu direito de andar com a carteira no bolso de trás), é absurdo e um disparate. Nesse caso, logicamente, o facto de andares com a carteira no bolso de trás todos os dias, todo o dia será, também, um absurdo e um disparate.

De resto, para ti, a coisa morre logo na praia. Dizes:
"As "vadias" não combatem esse triste fenómeno facilitando o mesmo"

o que quer dizer que, para ti, vestir-se de forma 'slutty' é "facilitar" o fenómeno da violação. Crias, portanto, uma relação directa entre 'vestir de forma slutty' e 'violação', reforçando o estereótipo. E aqui a diferença entre o deve ser e o é não conta - tu consideras, pelo acima, que estar-se 'slutty' é facilitar a violação.

Ou seja, sentes-te no direito de ignorar olimpicamente os avisos do teu amigo quanto à carteira, mas se outras pessoas exercem o seu direito de recusar, segundo a tua analogia, o mesmo tipo de discurso, já é um disparate. Aliás, diria até que, ao usares a carteira no bolso de trás, pela tua própria lógica, estás a contribuir para o aumento da criminalidade, não é?

Mas não te preocupes. Hoje estarei a marchar. A marchar contra ti, e contra todos os que pensam como tu e que acham que conseguem embrulhar a sua misoginia num discurso politicamente correcto e pseudo-intelectual.

:)

Maria Helena Santos disse...

Mats antes de mais, o nome “Vadias” é irónico, obviamente.
Depois, quanto a “Fazer marchas a dizer "não me roubes" é uma perda de tempo porque os ladrões não respeitam a propriedade alheia”, nós não vamos pedir ao violadores para não violarem, vamos pedir à sociedade para parar de culpar a vítima e culpar o violador. Ou seja, queremos que se comece a condenar o violador. Alguém se recorda da sentença que foi dada ao Psiquiatra do Norte? Alguém se lembra da sentença que foi dada ao homem que bateu durante cerca de 40 anos à mulher? Alguém se lembra das sentenças muitas outras mulheres violadas?! Pois é, mesmo os/as juíses/as são influenciados/as pelo sistema machista e continuam, de alguma forma, a culpar as mulheres!

Lucas disse...

Daniel,
Dizes que esta marcha é ridícula, mas continuas a andar com a carteira no bolso de trás.

Eu não ando com a carteira no bolso de trás, PRECISAMENTE porque quero reduzir as chances de ser roubado.

Acho que não leste bem o que eu escrevi.

Alguém disse:

Mats, mas faz ideia porque é que as slutwalks começaram? porque um polícia disse "se não querem ser violadas, não se vistam como sluts".


* Crianças, se não querem ser abusadas, não aceitem boleia de estranhos

* Jovens, se não querem ser roubados, não usem a carteira no bolso de trás.

* Casal de namorados, se não querem ser roubados, não andem à noite em vizinhanças com pouco ou nenhuma segurança.

Vês a progressão?

De forma nenhuma significa que as crianças que aceitam boleia de estranhos vão ser abusadas, ou que homens que usem a carteiras vão ser roubados, ou que casais vão ser roubados se andarem em vizinhanças sem segurança.

Vocês confundem O QUE ACONTECE com o que DEVERIA ACONTECER.

Uma mulher de burqa também é violada. Como é que se explica isto?

Pessoas que andam com as carteiras razoavelmente bem guardas podem também ser roubadas. Será que isto significa que é irrelevante andar com a carteira à mostra ou andar com ela mais ou menos bem guardada?

O facto de haver mulheres com o burka que são violadas não invalida que a marcha das vadias seja uma coisa ridícula. Usar super-decotes e mini-mini-saias como forma de "protestar" um conselho sábio dum policia é do mais ridículo que já se viu.

Esta marcha é pegar nessas palavras do polícia de toronto e dizer "estás a ver como estou vestida? qualquer que seja a forma, isso não te dá o direito de me violares".


Mas ninguém disse que a roupa da mulher dá "direitos" ao violador, Onde é que leste isso? Só se foi num blog feminista.

"Estás a ver como ando com a carteira no bolso de trás nos autocarros que passam pelo Casal? O facto de ter a carteira aí não te dá o direito de me roubares".

Claro que não, mas as probabilidades de seres roubado são maiores.

Semelhantemente, se uma mulher se veste como uma vadia/galdéria, então 1) nós podemos chamá-la de vadia/galdéria, e 2) dizer que ela propositadamente quer suscitar o desejo sexual nos homens. O problema é que só os homens respeitadores vão conter os seus desejos e respeitar as mulheres. Os violadores, esses, não se preocupam minimamente com o que as vadias pensam. Eles apenas querem usá-las e deitá-las fora.

Está errado e é motivo de prisão e justiça. Mas acontece e as mulheres tem que se precaver disso.

Eu acredito que alguém aqui ainda acredite na prevenção da violação, certo?

As lésbicas e as bissexuais onde é que entram nesse seu raciocínio? Uma lésbica veste-se para atrair os homens? Está a ver como são frágeis os "argumentos"?

As lésbicas que andam com mini-mini-sais emini-decotes visam suscitar o DESEJO em alguém. O problema é que no mundo há boas pessoas e más pessoas. Temos que nos precaver das más, e atrair as boas.


E um carro na rua é um convite ao assalto, não é?

Um carro com a porta e a janela aberta na Av. de Roma, às 23:00 é um convite ao assalto. Ou não?

O dono não quer ser assaltado, mas deixar o carro com a porta aberta é um OBVIO convite ao assalto.

Ou achas que não?

Mas chega de comparar o corpo, a a vagina, uma pessoa a objectos. É isso que esta marcha quer dizer, não nos comparem; não somos objectos.

Para os violadores, as vadias são objectos. É com esses que as galdérias têm que se preocupar.
O resto dos homens identificam as vadias como tal, mas não as queremos violar (nem as queremos para nada, diga-se de passagem).

Lucas disse...

Daniel,
O que tu disseste foi que, apesar dos avisos do teu amigo, andas olimpicamente, ainda com a carteira no bolso, e não mudas esse comportamento;

Não, Daniel, eu não disse nada disso. Volta a ler o que escrevi e depois comtna outra vez.

mas que quando um grupo de activistas resolve andar de forma 'slutty' para criar consciencialização para um problema

Mas nós já sabemos que as mulheres são violadas. Qual é o novo problema que estas ridículas marchas visam chamar a atenção?

o que quer dizer que, para ti, vestir-se de forma 'slutty' é "facilitar" o fenómeno da violação.

Tal como crianças a pedir boleia a estranhos é "facilitar" o abuso, tal como deixar deixar a porta do carro aberta é facilitar o asalto.

O violador é sempre o principal (e único) culpado, mas a mulher pode prevenir isso evitando comportamentos que podem atrair o desejo de homens mal intencionados.

E aqui a diferença entre o deve ser e o é não conta - tu consideras, pelo acima, que estar-se 'slutty' é facilitar a violação.

Vestir de forma a atrair o desejo sexual de homens potencialmente perigosos é uma irresponsabilidade das vadias/galdérias.

Andar com a carteira no bolso de trás nos autocarros é atrair o desejo monetário de homens potencialmente perigosos.

Deixar o carro com a porta aberta na Av de Roma, à noite, é atrair o desejo monetário de homens potencialmente perigosos.

etc, etc.

Repito o que já disse aqui e no meu blog: as vadias não combatem as violações usando roupas 3 numeros abaixo. Combate-se a violação com PREVENÇÃO, e essa prevenção implica que as mulheres se vistam de forma responsável.

Não sei qual é a dificuldade em aceitar isto, sinceramente.

Ou será que as vadias não querem nenhuma responsabilidade no que toca as suas acções?

"Sr policia, não é culpa minha que eu trouxe para casa um estranho que conheci num bar, às 2 da manhã. Ele parecia ser tão bom rapaz! Até me elogiou pelo super-decote e a mini-saia que eu estava a usar."
Prevenção, responsabilidade e senso-comum são coisas que as vadias já não subscrevem, pelos vistos.

Mas não te preocupes. Hoje estarei a marchar. A marchar contra ti

Vais marchar contra os homens que acham que as mulheres nunca deveriam ser violadas em situaçºao alguma (mesmo que andassem nuas na rua) mas que defende que as vadias têm que usar senso comum e distinguir entre o que é e o que deveria ser?

e contra todos os que pensam como tu e que acham que conseguem embrulhar a sua misoginia num discurso politicamente correcto e pseudo-intelectual.

Au contraíre. As pessoas que pensam como eu (no meu mundo identificam-se pelo título de "homens responsáveis") são aqueles que realmente se preocupam com as mulheres (inclusive as vadias).

Aqueles que dizem as mulheres para se vestirem como querem sem levar em conta o mundo em que vivêmos é que são os verdadeiros misóginos.

Selah.

Daniel Cardoso disse...

"Repito o que já disse aqui e no meu blog: as vadias não combatem as violações usando roupas 3 numeros abaixo. Combate-se a violação com PREVENÇÃO, e essa prevenção implica que as mulheres se vistam de forma responsável."

Ainda não entendeste que as mulheres não querem a tua disciplina? Mais uma vez falas de "responsável" - como se as mulheres fossem responsáveis pelo que lhes acontece.

As mulheres não precisam do teu bom-senso castrador, não precisam que lhes digas o que fazer. Santo paternalismo...

Falas do "mundo em que vivemos" como se o "mundo em que vivemos" fosse uma realidade objectiva, imutável, parada. Não é. As mulheres que marcham, marcham para mudar o mundo. Para podermos viver num mundo onde as mulheres se vestem como querem sem terem medo.

"Vais marchar contra os homens que acham que as mulheres nunca deveriam ser violadas em situaçºao alguma (mesmo que andassem nuas na rua) mas que defende que as vadias têm que usar senso comum e distinguir entre o que é e o que deveria ser?"

Fui. Fui marchar contra homens que acham que sabem melhor o que as mulheres deviam fazer, que querem ser os polícias dos bons costumes e da boa moral.
Articulas opositivamente "o que é" e "o que devia ser". Erras aí. O "que é" é um trabalho em direcção ao que "deve ser". Eu fui ajudar a fazer esse trabalho. E tu?

Lucas disse...

Daniel,
"Repito o que já disse aqui e no meu blog: as vadias não combatem as violações usando roupas 3 numeros abaixo. Combate-se a violação com PREVENÇÃO, e essa prevenção implica que as mulheres se vistam de forma responsável."

Ainda não entendeste que as mulheres não querem a tua disciplina?


Eu também não preciso da autorização das vadias (e não das mulheres) para dar a minha opinião. Ou achas que defender a prevenção é "disciplinar" as vadias?

Se as galdérias/vadias vem à praça pública manifestar a sua vadiagem, elas dão-me margem de manobra para, na praça pública, dar a minha opinião.

Mais uma vez falas de "responsável" - como se as mulheres fossem responsáveis pelo que lhes acontece.

A vadia que anda vestida com roupas super justas, como forma de despertar o desejo sexual em homens potencialmente perigosos não é responsável. Isto é básico, na minha opinião.


As mulheres não precisam do teu bom-senso castrador, não precisam que lhes digas o que fazer.

Por "bom senso castrador" entenda-se "prevenção".
As mulheres não precisam que ninguém lhes diga o que fazer, mas uma ínfima percentagem das mulheres (as vadias) querem dizer aos violadores o que fazer.
Boa sorte.

Falas do "mundo em que vivemos" como se o "mundo em que vivemos" fosse uma realidade objectiva, imutável, parada.

O mundo em que vivêmos é uma realidade objectiva, mas mutável. Aliás, se não fosse mutável, nem valia à pena falar-se em prevenção das violações.

Não é. As mulheres que marcham, marcham para mudar o mundo.

Não vejo como é que as galdérias vão mudar o mundo andando com as roupas das irmãs mais novas, mas boa sorte em parar as violações dessa forma. No mundo real vai-se seguir a vai adulta: prevenção, responsabilidade e bom senso.

Para podermos viver num mundo onde as mulheres se vestem como querem sem terem medo.

Mas as vadias podem-se vestir como querem. Nunca foi essa a questão. A questão é que as vadias não querem perceber que ACÇÕES tem REACÇÕES, e o que é, nem sempre é o que deveria ser.

"Vais marchar contra os homens que acham que as mulheres nunca deveriam ser violadas em situação alguma (mesmo que andassem nuas na rua) mas que defende que as vadias têm que usar senso comum e distinguir entre o que é e o que deveria ser?"

Fui. Fui marchar contra homens que acham que sabem melhor o que as mulheres deviam fazer


Então não foste marchar contra pessoas como eu, uma vez que nunca defendi que sei melhor o que as mulheres deveriam fazer. O que eu disse - mais uma vez - é que as galdérias tem que crescer e aperceberem-se que a forma como vestem pode mandar uma mensagem aos homens mal intencionados. Se se vestem de forma a suscitar o desejo em desconhecidos potencialmente perigosos, então estão a fazer o mesmo que uma pessoa que coloca a carteira no bolso de trás num autocarro. Repito, não estão a pedir para serem violadas, mas estão a agir de forma que pode atrair potenciais violadores.

Articulas opositivamente "o que é" e "o que devia ser".

Falso. Digo que as duas nem sempre estão em sintonia. Está errado violar mulheres ("o que deveria ser"). Mas isso acontece ("o que é"). As vadias não sabem distinguir uma da outra.

Erras aí. O "que é" é um trabalho em direcção ao que "deve ser".

Então estamos de acordo: o que é é distinto do que deveria ser. As vadias baseiam-se no que deveria ser (ninguém deveria ser violado) mas esquecem-se do que é (as mulheres são violadas).

Eu fui ajudar a fazer esse trabalho. E tu?

Eu fiquei em casa a fazer algo que vai ter o mesmo efeito no combate às violações como as marchas das galdérias: molengar.

Daniel Cardoso disse...

Porque o resto da conversa não merece sequer resposta - não vale a pena chover no molhado - deixo apenas um último comentário.

"Eu fiquei em casa a fazer algo que vai ter o mesmo efeito no combate às violações como as marchas das galdérias: molengar."

Lamento informar, mas a bola de cristal que compraste está estragada. A marcha teve, tem tido e terá o efeito a que aqui assistimos, e do qual fazes parte: falar sobre violência sexual, discuti-la, chamar a atenção para ela, problematizar o seu papel na sociedade.

Pela tua própria cega participação aqui já validaste a utilidade estratégica da SlutWalk...

Lucas disse...

A marcha teve, tem tido e terá o efeito a que aqui assistimos, e do qual fazes parte: falar sobre violência sexual, discuti-la, chamar a atenção para ela, problematizar o seu papel na sociedade.

Daniel, ainda não aceitaste que andar com roupas super justas e "exigir" que não sejam violadas não vai demover os potenciais violadores?

Quando é que as vadias entendem que os violadores não se interessam por aquilo que elas pensam?

Se eu andasse nas ruas com dinheiro à mostra, a "exigir" aos ladrões para não me roubar, achas que isso os demoveria? Hilariante.

Pela tua própria cega participação aqui já validaste a utilidade estratégica da SlutWalk...

Eu sei qual é a genuína e subentendida utilidade da marcha das galdérias. Essa utilidade não tem nada a ver com o que as galdérias gritam pelas ruas, mas a quem elas gritam. E não, elas não estão a gritar aos violadores.

Maria Helena Santos disse...

Mats,
eu já respondi a esta sua questão no último poste que escrevi.

Lucas disse...

Maria Helena Santos,

nós não vamos pedir ao violadores para não violarem, vamos pedir à sociedade para parar de culpar a vítima e culpar o violador.

A sociedade não culpa a vítima. É por isso que quem é preso é sempre o violador. Ou a Maria sabe de algum caso em Portugal onde uma mulher foi para a cadeia por ter sido violada?

Ou seja, queremos que se comece a condenar o violador.

Já se condena. Não eram precisas marchas de galdérias.

Alguém se recorda da sentença que foi dada ao Psiquiatra do Norte?


Isso foi uma falha dum tribunal e não da sociedade. TODA a sociedade está do lado da pobre mulher.

Alguém se lembra da sentença que foi dada ao homem que bateu durante cerca de 40 anos à mulher?

Mais uma vez, falha (gravíssima) da justiça, e não da sociedade..

Maria, toda a sociedade sabe que quando um homem viola uma mulher, ele tem que pagar por isso. Os tribunais e os políticos (que nem sempre velam pelos interesses do povo mas sim os seus próprios interesses - veja-se na forma como defenderam o socialista Sócrates com as escutas) é que falharam.

As vadias deveriam marchas contra os sistema de justiça que temos e não contra a "sociedade". Nós já sabemos quem é o culpado num caso de violação, e como tal, não são precisas marchas de vadias.

Pois é, mesmo os/as juíses/as são influenciados/as pelo sistema machista e continuam, de alguma forma, a culpar as mulheres!<

Você deve estar a brincar comigo. O sistema legal tem sido uma das formas mais bem sucedidas das feministas imporem a sua vontade sobre os homens.

Eu poderia lhe listar episódio atrás de episódio em como o sistema legal favorece a mulher.

A título de exemplo veja esta notícia.

Se isso não for suficiente, dê uma olha neste blogue.

http://pensaoalimenticia.homenshonrados.com/

Veja como o sistema legal ocidental, dominado pela ideologia socialista-marxista-justiça-social prejudica os homens em favor das mulheres.
..
Resumindo, as marchas foram um exercício fútil de infantilidade.

Daniel Cardoso disse...

"Você deve estar a brincar comigo. O sistema legal tem sido uma das formas mais bem sucedidas das feministas imporem a sua vontade sobre os homens.

Eu poderia lhe listar episódio atrás de episódio em como o sistema legal favorece a mulher.
"

ROTFL!

Agora é que eu percebi tudo. Este é mais um dos esquizóides do "ah, as mulheres querem dominar o mundo"!

xD

Toma lá, Mats:
http://www.portaldasaude.pt/portal/servicos/prestadoresV2/?providerid=201

Lucas disse...

O Daniel é dos esquizitóides "todos os homens querem violar as mulheres".

Toma lá:

http://pensaoalimenticia.homenshonrados.com/